Hoje fiquei observando uma garota enquanto eu andava pela rua, queria partilhar sobre ela contigo. A garota seguia um pássaro que estava no chão e eu a seguia, mas em meus pensamentos, acontecia algo um pouco diferente…
Quando eu comecei a observar a garota, ela estava parada ao lado do pássaro. Segundos depois, o pássaro começou a andar e ela começou a segui-lo.
Eu ia atrás e ficava admirado com a simetria dos movimentos deles. Ela dava passos longos e ele bem curtos, mas andavam juntos, na mesma direção. Ele abria as asas, ela abria os braços, e andavam assim sem se preocupar com as pessoas que estavam ali, nem mesmo comigo… eles nem me notaram.
Aquilo parecia ser tão divertido, tão livre, então embarquei naquela aventura. Perdi o medo, perdi a vergonha… e abri os braços. A garota seguia o pássaro e eu a seguia.
Íamos cada vez longe, andávamos cada vez mais rápido, desviávamos de obstáculos, fazíamos curvas perigosas e levávamos um sorriso no rosto. Eu estava atrás, mas sentia que havia um brilho no olhar daquela garota e ela me ensinava mais sobre a liberdade.
O pássaro continuava a andar, mas havia chegado a hora de sair do solo, ele também queria nos ensinar mais sobre a liberdade. Então ele parou, queria se despedir. E, logo depois, voou em direção aos outros pássaros que sobrevoavam o céu. A garota então levantou os seus braços na direção dele, ela o observava e o seguia com seu olhar.
Ao perdê-lo de vista, ela continuou seu caminho, continuou a andar pela rua. Eu estava ali parado e a observei até perdê-la de vista. Ela havia me deixado ali com um sorriso e eu me sentia livre, sem as minhas correntes. Eu só precisava daquele momento, de poucos minutos… Eu só precisava perder o medo e abrir os braços.
Fragmentos de Cartas para meu Anjo de Robson dos Reis