Quando o vento chegou, fez cair as centenas de folhas secas, tornou ainda mais firmes as folhas verdes daquela árvore. E o vento soprava cada vez mais forte e na mesma direção. Ouvia-se a voz do tempo que só queria renovar o que estava ali.
Iam-se, para longe, as folhas do medo e da insegurança e as folhas verdes continuavam a acreditar e a permanecerem nos galhos. Não havia deserto, mas as areias do tempo desciam lentamente. Elas marcavam o que chegava e o que era necessário esperar.
As folhas verdes prevaleciam intactas… até a árvore começar a envelhecer. E, envelhecendo, as folhas secas iam dominando sobre ela. A árvore começava a ter medo e se escondeu em um poço fundo. Ali poucas folhas caíam, mas eram dias escuros e frios.
A árvore não perdia a sua esperança de, novamente, sentir o vento. E, esperando, um dia viu nuvens negras se aproximarem. A escuridão aumentava e a árvore observava as areias do tempo cessarem… A árvore, já com poucas folhas, e todas elas secas, adormeceu.
O último grão de areia caía, mas uma gota d’água caía em seguida… era a chuva que um dia lhe fora prometida. A chuva banhava toda a árvore de esperança e ela ia se renovando, vendo novas folhas verdes surgirem.
A chuva cessava, ia dando lugar à luz que queria atingir aquela árvore. E a árvore, querendo se fortificar com a luz do sol, foi crescendo… queria ultrapassar o topo daquele poço e, novamente, receber o sopro que a preenchia.
Crescendo, foi se sentindo cada vez mais perto do brilho que a renovava. E, ao ultrapassar o limite da escuridão, sentiu as areias do tempo caírem, sentiu a vida… através de um sopro de luz.